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Como Coach de Relacionamentos, hoje quero me dirigir a você que já traiu, que já foi traído ou que conhece alguém nesta situação.

 

Independente do papel que você exerça nesta história, é um fato que a descoberta da infidelidade conjugal é uma das mais dolorosas e devastadoras situações que alguém pode experimentar, pois o momento é incômodo para todos. Entretanto, com toda dor que ela provoca, a infidelidade pode não significar necessariamente que o amor acabou; mas ela, com certeza, é um sintoma de que o relacionamento adoeceu.

 

São vários os motivos que levam um cônjuge a trair e eles variam desde os mais evidentes aos mais íntimos e até aos considerados como inexplicáveis e inadmissíveis. Não importa qual o seu papel na relação, se de traído ou de traidor, a infidelidade é sempre um problema a dois e a qualquer um dos cônjuges pode caber o papel de vilão ou de vítima.

 

Em todos os relatos de infidelidade encontramos, invariavelmente, como motivadores a rotina ou a insatisfação. Cônjuges precisam desenvolver a capacidade de reinventarem-se, de reinventarem o relacionamento sempre que perceberem que a poeira da rotina está cobrindo e embaçando o diálogo e o desejo. Porém é preciso cuidado para não cair na armadilha de se ter a mudança constante como rotina. É importante que cada casal reconheça e assuma a sua própria dinâmica. Tem gente que só funciona com rotina e tem gente que precisa de desafios para sentir-se vivo.

 

Um veneno silencioso para os relacionamentos, é a insatisfação que sempre traz consigo boa dose de mágoa e raiva não escoadas assertivamente. Tanto o cônjuge que trai como o que é traído, acumulam um histórico de não sentirem-se reconhecidos, vistos ou ouvidos dentro de casa; ambos acumulam feridas na autoestima que geram a necessidade de avaliar seu poder de atração e envolvimento, o que acaba abrindo brechas para que se instale a infidelidade.

 

Tenha o relacionamento adoecido pela rotina ou pela insatisfação, procure ter em mente que a verdade é sempre libertadora e formadora de alicerces sólidos; é por isto que a capacidade de dialogar com franqueza é imprescindível em qualquer relacionamento que tenha a intenção de ser saudável.

 

Os relacionamentos extraconjugais (fugazes ou duradouros, esporádicos ou frequentes) não acontecem somente por causa de problemas no casamento, pois todos os casais têm problemas e nem por isto, todos desenvolvem relacionamentos paralelos. Os relacionamentos extraconjugais acontecem, em grande, parte quando alguém se sente confortável com outro alguém com quem pode conversar, dividir segredos, exercitar sua sensualidade sem sentir-se julgado ou reprimido, ouvir e ser ouvido. O sexo pode ocorrer ou não, o sexo nem precisa ser melhor do que o do relacionamento oficial. O que faz alguém procurar outra pessoa é a necessidade do novo ou de sentir-se aceito e não obrigatoriamente a falta de amor ou de atração. A necessidade de vivenciar a sexualidade e o amor com o prazer que está faltando no relacionamento oficial, pode fazer com que o homem ou a mulher busquem outra pessoa, pois é a necessidade de se sentir desejado que está falando mais alto. O que está faltando nestes relacionamentos é a expressão das emoções, pois quando não há comunicação efetiva entre os cônjuges, eles acabam esquecendo que um relacionamento saudável é uma construção diária.

 

A descoberta da traição gera uma ruptura que dissolve o casal ou que gera uma necessidade de reconstrução. Um relacionamento reconstruído não possui o vigor do tempo existente antes das mágoas e cicatrizes, mas em contrapartida tende a ser mais maduro, pois os cônjuges já mostraram tanto a face bonita de quem quer seduzir como a face que todos tentamos esconder e que só aparece com o tempo e com a convivência. Relacionamentos reconstruídos são costurados com as linhas da persistência, da coragem de passar por cima do orgulho, com perdão e, porque não dizer, com tesão.

 

Para você que já traiu, para você que foi traído, entenda que da mesma forma que os pecados não fazem do pecador um completo demônio, as virtudes não fazem do virtuoso um santo. O ser humano é um caleidoscópio de virtudes e de pecados, de certezas e de dúvidas. Nós nunca acordamos com a mesma pessoa com a qual deitamos na noite anterior; aquilo que nos diferencia do reino animal é ao mesmo tempo nossa ascensão e nossa queda; é a nossa humanidade que nos torna tão frágeis e ao mesmo tempo tão dissimulados. Lágrimas e gemidos de dor podem esconder os germes da vingança e da ira assim como sorrisos podem esconder a maldade e a inveja enquanto pragas, maldições e promessas de vingança podem guardar traços do amor em sofrimento.

 

Independente da decisão de reconstrução ou rompimento após a descoberta da traição, é preciso entender que relacionamentos reconstruídos ou rompidos precisam acima de tudo de exercitar o perdão mútuo ou se transformarão em um martírio a dois. Relacionamentos reconstruídos sem perdão são como sapatos apertados que teimamos em usar porque são os únicos que temos e precisamos usa-los para nos apresentarmos socialmente, mas quando chegamos em casa; a primeira coisa que fazemos é nos livrarmos deles. Relacionamentos rompidos sem perdão são como algemas mnemônicas que insistimos em manter e que minam nossas chances de reconstruir a vida e a felicidade.

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