Tempo é dinheiro... Será?
Talvez esta máxima seja verdadeira apenas para a Pessoa Jurídica, pois quando a observamos pela ótica da Pessoa Física ela fica completamente desfocada. Na visão da Pessoa Jurídica (empresas, indústrias, escritórios, etc) o tempo é dinheiro, porque quanto mais rápido e eficiente for o funcionário; mais ele produz. Ainda assim, se pensarmos bem, se tempo fosse dinheiro ele poderia ser usado como moeda, mas ninguém faz negociações de qualquer espécie usando o tempo como artigo de troca. Na verdade crescemos ouvindo sem questionar esta máxima que acaba se transformando em uma crença limitante de nosso sucesso, progresso e felicidade.
Quando acreditamos que tempo seja dinheiro, programamos nossa mente para colocar os conceitos de tempo, trabalho e dinheiro muito próximos ao ponto de confundi-los; entretanto são conceitos independentes e diferentes entre si. Tempo é a sucessão dos fatos e ações ao longo da história, o tempo que temos é o período compreendido entre o início e o fim da nossa existência, é aquilo que consumimos e que nos consome ao longo da vida a partir do momento que nascemos, não é renovável e não é reaproveitável; dinheiro é materialização de valor, é meio de troca; trabalho é o esforço que se faz para gerar ou receber valor. Ao longo do nosso tempo podemos realizar trabalhos e nos deparamos com ações e coisas que geram ou que têm valor, mas cujo valor não é materializável, ou seja, “não têm dinheiro que pague.”
Seguindo o pensamento acima quando acreditamos que tempo seja dinheiro, empobrecemos os conceitos de tempo e de trabalho, pois passamos a ver o tempo dedicado ao trabalho como um tempo que vendemos e não como um tempo que faz parte da nossa vida e passamos a ver o trabalho como um fardo e não como algo que nos acrescente valor ou que dê prazer. É por isto que passamos a vida ansiando pelas férias e pelos finais de semana não percebendo o quanto que o tempo existente entre a segunda e a sexta-feira se torna um tempo desperdiçado quando não o vivemos ou o aproveitamos com a qualidade e o respeito que ele merece, afinal ele passará e será vivido de qualquer maneira.
É impossível administrar o tempo; não conseguimos pará-lo, apressá-lo ou retardá-lo. O tempo passa igual para todos e tudo o que conseguimos fazer é administrar nossas tarefas. Administrar tarefas é definir prioridades. Definir prioridades implica em fazer escolhas; escolher implica em abrir mão de outras opções. Quando a escolha é feita de forma consciente e responsável agregamos valor à coisa escolhida. Não existe escolha errada, existe escolha feita. Errado é fazer algo lamentando o que se deixou de fazer.
Gastar tempo não é como gastar dinheiro, pois o tempo vale mais do que o dinheiro. Quando gastamos ou perdemos dinheiro, podemos encontrar meios de repor ou de ser ressarcidos e isto não pode ser feito com o tempo. Depois que o tempo acaba não temos como comprar mais. O tempo gasto ou perdido jamais é reposto; quando morremos acaba-se o nosso tempo; quando morrem nossos entes queridos, termina com eles o tempo que tinham conosco. É por isto que o tempo que temos é a nossa maior fortuna.
O desperdício de tempo não se resume ao tempo ocioso, pois até o ócio pode ser produtivo. O desperdício de tempo está principalmente em investi-lo em atividades que não são importantes para nós, que não agregam valor, nas graduações e cursos que não gostamos mas mesmo assim fazemos e depois não utilizamos, nos trabalhos que não nos motivam, nos esforços que não são recompensados, nos relacionamentos doentios ou infrutíferos que insistimos em manter, quando comparecemos a festas ou reuniões nas quais não queríamos estar e nos protegemos atrás do celular para dar a impressão de sermos multifuncionais, no tempo excessivo em que nos deixamos ficar reféns das redes sociais e etc.
Tempo não é dinheiro, mas ganhar dinheiro é questão de tempo, de administração de tarefas e de bens. O dinheiro materializa o valor de certas coisas e é meio de troca de serviços e bens materiais, mas não tem o poder de comprar sentimentos, saúde nem qualidade de tempo ou de relacionamentos.
O tempo é mais valioso que o dinheiro, ele é o seu bem mais precioso e você nunca sabe quanto tempo tem. Por isto não troque seu tempo apenas por dinheiro; administre suas atividades e troque seu tempo também por conhecimento investindo em seu crescimento pessoal e intelectual, troque seu tempo também por saúde cuidando de si, troque seu tempo também por prazer e lazer com família e com amigos; afinal você pode vendê-lo, mas nunca comprá-lo de volta.
Tempo não é dinheiro; tempo é o que vivemos e a vida não tem preço.